"O que nos conecta?"
Em tempos de distanciamento social, o afeto se torna ainda mais necessário. Eu sei, a gente tem precisado descobrir novas formas de demonstrá-lo. Mas, veja, ele não some, só é reinventado. Sem toques, quando os braços não podem se entrelaçar em abraços e os corpos precisam estar, de preferência, a uma distância segura, nos enganamos sobre o que nos faz humanos. É humano desejar o outro. Proximidade. Afeto quente. Respiração. Pele na pele. Na distância forçada nos perdemos. Mas também nos achamos. E descobrimos que abraços, mais que de braços, precisam de alma.
Em abril de 2021, iniciei um novo processo (em cera + fundição), de muita reinvenção e tentativas, alicerçada na reflexão do abraço. Surgiu então, a ideia de produzir 100 (e sem) medalhas de abracinhos.
Baseado nesse conceito, surge a peça-mãe, visceral, uma peça usada na mão esquerda, no anelar, que conecta doze pingentes em vinte e quatro fios, com o propósito de (re)conectar outro alguém ao estender cada uma das medalhas, (re)estabelecendo um elo.
E, como desdobramento, decorre o trio de anéis, como fragmentos de abraços, meio a fusões (des)conhecidas, como num ato de convidar o ir e vir, provocando novos intentos.
O que te conecta?
Selecionada com a Série Abraços na III BIENAL LATINOAMERICANA DE JOYERÍA CONTEMPORÁNEA (2021) organizada por Joyeros Argentinos: EXPOSIÇÃO DE MÃOS DADAS curadoria Miriam Andraus Pappalardo e Renata Porto.
Fotos: Yasmin Dib